Saiba o que muda com a decisão do STF sobre operações policiais no Rio


AI Summary Hide AI Generated Summary

STF Decision on Police Operations in Rio

The Supreme Federal Court (STF) in Brazil approved a plan to combat police lethality during operations in Rio de Janeiro, concluding the ADPF das Favelas judgment. Key aspects of the decision include:

  • Increased Federal Police (PF) Involvement: The PF will investigate interstate and international crimes and human rights violations related to criminal organizations' control of territories.
  • Territorial Reoccupation Plan: The state and municipalities must develop a plan to reclaim areas controlled by criminal organizations, improving public services and youth programs.
  • Relaxed Helicopter Restrictions: Previous restrictions on helicopter use are relaxed, however, the legal requirement of proportional use remains.
  • Mandatory Autopsies: Autopsies are mandatory in cases of death due to police intervention.
  • Expanded Camera Use: The deadline for installing cameras in police vehicles is extended to 180 days.
  • Stricter Rules in Schools and Hospitals: Police entry into schools and hospitals is allowed only in cases of extreme necessity and criminal activity.
  • Mental Health Program: A program to support the mental health of security agents must be created within 180 days.

Reactions: Governor Cláudio Castro and Mayor Eduardo Paes praised the decision, particularly the easing of helicopter restrictions. However, organizations like Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial and Complexos Advocacy de Favelas criticized the decision, viewing it as a setback for community safety. Other experts offered mixed reactions, highlighting both positive and negative aspects of the ruling, focusing on increased accountability and potential concerns about expanded police powers.

Sign in to unlock more AI features Sign in with Google
We located an Open Access version of this article, legally shared by the author or publisher. Open It

O Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou ontem, de forma conjunta, um plano de ação para o combate à letalidade policial em operações no Rio, concluindo o julgamento da ADPF das Favelas. Entre as medidas anunciadas pelo presidente da corte, Luís Roberto Barroso, estão a determinação para que a Polícia Federal (PF) amplie sua atuação e investigue crimes com repercussão interestadual e internacional no estado e a elaboração de um plano de reocupação territorial de áreas controladas por organizações criminosas. O STF também flexibilizou ordem anterior, dada na mesma ação, que restringia o uso de helicópteros e estabelecia que as ações policiais ocorressem apenas em casos excepcionais.

O consenso foi alcançado entre os 11 ministros do Supremo após uma série de debates sobre pontos considerados sensíveis entre os magistrados e alvos de críticas tanto por parte de autoridades do Estado do Rio quanto por integrantes da sociedade civil.

Confira abaixo alguns dos principais pontos da decisão e a repercussão da decisão do STF:

  • Reocupação de territórios: o Estado do Rio e municípios interessados devem elaborar plano para a retomada territorial de áreas sob domínio de organizações criminosas. O objetivo é viabilizar a presença permanente do poder público por meio de políticas voltadas à juventude, instalação de equipamentos públicos e qualificação de serviços básicos.
  • Crimes interestaduais: a determinação é de que a Polícia Federal abra inquérito para apurar indícios concretos de crimes com repercussão interestadual e internacional e violações de direitos humanos decorrentes da ocupação de comunidades por organizações criminosas. A PF poderá atuar em conjunto com as forças de segurança estaduais para identificar as organizações criminosas em atuação no estado, seus chefes e suas movimentações financeiras. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) deve priorizar o atendimento de pedidos feitos para essas investigações.
  • Grupo de inteligência da PF: também foi determinado que a PF instaure um inquérito para investigar os principais grupos criminosos violentos em atividade no Rio e suas conexões com agentes públicos. As investigações, que contarão com uma equipe de dedicação exclusiva e atuação permanente, terão como foco combater as milícias, tráfico de armas e drogas e lavagem de capitais.
  • Helicópteros: a restrição de uso deixa de existir, mas com o dever previsto em lei de que sejam usados de forma proporcional.
  • Autópsia: obrigatória nos casos de mortes decorrentes de intervenção policial.
  • Câmeras: foi reconhecido que o estado tomou providências para instalação de equipamentos de GPS e gravação nas fardas dos agentes e foi ampliado o prazo para implantação das câmeras nas viaturas de 120 para 180 dias.
  • Escolas e hospitais: o STF afirma que “não há restrições territoriais por perímetro à ação policial”, mas deve haver o “respeito rigoroso às exigências de proporcionalidade no uso da força”, especialmente no período de entrada e de saída dos estabelecimentos educacionais. Pela decisão, “em caso de extrema necessidade” será permitido o ingresso das forças policiais se for verificado o uso dos estabelecimentos para a prática de atividades criminosas.
  • Saúde mental: foi dado prazo de 180 dias para que o estado crie programa de assistência à saúde mental dos agentes de segurança.
  • Monitoramento: deve ser criado um grupo de trabalho para acompanhar o cumprimento da decisão e sua implementação. O comitê será coordenado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que, em conjunto com as corregedorias dos Ministérios Públicos locais, produzirá relatórios sobre o controle externo da atividade policial, com dados objetivos sobre a atuação e os resultados.
  • Comunicação ao MP: o STF decidiu que o Ministério Público deve ser imediatamente comunicado sobre ocorrências envolvendo mortes em operações para que, caso necessário, determine o comparecimento de um promotor de Justiça ao local.
  • Presença de ambulâncias: deve ser regulamentado, em até 180 dias, a presença obrigatória de ambulâncias em operações policiais previamente planejadas e com risco de conflito armado. A decisão do STF diz que a exigência não se aplica a operações de emergência e que a eventual indisponibilidade do veículo não impede a realização da ação policial.

Decisão é elogiada por Castro e Paes

Crítico da ADPF das Favelas, o governador Cláudio Castro elogiou a decisão tomada ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, o fim das restrições ao uso de helicópteros em operações policiais em favelas do Rio é “importantíssimo”.

— Quem faz uso excessivo da força são o tráfico e a milícia. A gente ainda vai ter que analisar essa decisão, o dia a dia da atividade policial é diferente, mas eu não tenho dúvida de que essa decisão vem apontar algo muito bom. Ela tirou barreiras importantíssimas. Eu me sinto muito contemplado. A intenção do estado é cumprir a decisão na íntegra — disse.

Para Castro, o maior desafio será criar um plano de desocupação das áreas sob domínio do crime organizado, como determinou o STF:

— Enquanto estiver entrando arma à vontade, droga à vontade, enquanto não tiver asfixia financeira, a gente não consegue combater o crime organizado. A intenção da polícia não é entrar atirando. Nunca.

Assim como o governador, o prefeito Eduardo Paes também foi a Brasília para acompanhar a audiência no plenário do STF.

— É importante a determinação para a Polícia Federal abrir inquérito e entrar nessa história para identificar sinais de lavagem de dinheiro, como esses recursos são movimentados. O sujeito não pode se considerar dono de territórios por todo o estado. Isso não acontece só na capital — afirmou o prefeito.

Daniel Sarmento, professor titular de Direito Constitucional da Uerj e autor da ADPF, elogiou o resultado:

— Desde 2019, quando foi implementada, a ação contribuiu para a redução da letalidade policial. Essa decisão do plenário reforçou pontos importantes como a necessidade de as autoridades prestarem contas ao MP de suas ações, além do reconhecimento de que a PF tem que ter um papel ativo nas investigações do crime organizado.

As organizações Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial e Complexos Advocacy de Favelas, que atuam na defesa da população negra e na segurança pública, consideraram a decisão do Supremo um retrocesso.

— A favela perdeu. A ADPF era sobre controle das polícias e não das favelas. Solicitamos um plano de redução da letalidade policial e o STF, ao fim, recomendou um plano de ocupação territorial — disse Fransergio Goulart, diretor executivo da IDMJR e coordenador do Complexos, ao blog da jornalista Míriam Leitão.

Goulart também criticou mudanças na versão final em relação à liminar que vigorava desde 2020. Antes, a regra previa o afastamento imediato de policiais envolvidos em mais de duas mortes em operações. Agora, diz, os casos serão avaliados internamente, sem critérios objetivos.

Eliana Sousa Silva, diretora e fundadora da ONG Redes da Maré, avalia que a decisão do STF teve avanços, mas ela também fez críticas:

— O STF determinou que a PF entre nesse combate. Há outros pontos interessantes, como estabelecer parâmetros para o controle da letalidade policial, que podem levar ao afastamento de agentes das ruas. Por outro lado, abriu caminho para o uso de unidades de saúde e educação em algumas situações (a polícia agora pode entrar nestes locais durante as operações). Disso discordamos.

O pesquisador Daniel Hirata, coordenador do Grupo de Estudos de Novos Legalismos da Universidade Federal Fluminense (UFF), citou pontos positivos da decisão:

— O Ministério Público investigar casos em que ocorre morte praticada por agente do estado é superimportante. Teremos ainda uma comissão de monitoramento, coordenada pelo Conselho Nacional do MP, que vai acompanhar as ações determinadas pelo STF.

Para o presidente da Associação Logística Brasil, André de Seixas, a ADPF vinha limitando as ações policiais. Segundo ele, a decisão de ontem foi numa linha diferente, ao acabar com a restrição ao uso de helicópteros e incluir a Polícia Federal no combate à chegada de fuzis e drogas ao Estado do Rio.

🧠 Pro Tip

Skip the extension — just come straight here.

We’ve built a fast, permanent tool you can bookmark and use anytime.

Go To Paywall Unblock Tool
Sign up for a free account and get the following:
  • Save articles and sync them across your devices
  • Get a digest of the latest premium articles in your inbox twice a week, personalized to you (Coming soon).
  • Get access to our AI features

  • Save articles to reading lists
    and access them on any device
    If you found this app useful,
    Please consider supporting us.
    Thank you!

    Save articles to reading lists
    and access them on any device
    If you found this app useful,
    Please consider supporting us.
    Thank you!