A Amazon ainda não contratou nem o caminhão da mudança para sair do Complexo JK, mas já tem o endereço da nova casa. O edifício Biosquare está em construção a alguns passos de distância do metrô Fradique Coutinho, na Avenida Rebouças, e será inaugurado no primeiro trimestre de 2026. O prédio é uma aposta da G.D8 Incorporadora para consolidar o status corporativo da região.
Desenvolvido em parceria com a gestora de fundos Kinea Investimentos, o empreendimento terá 25 andares distribuídos em 130 metros de altura e lajes de até 2,6 mil m². Ou seja, será um dos mais altos da região, dominada por prédios corporativos com cerca de 10 andares.
A G.D8 não confirma o inquilino, mas a locação da Amazon não é mais segredo entre especialistas do mercado, como confirmou a Coluna do Broadcast. Os seis primeiros andares serão de estacionamentos e a multinacional ocupará do sétimo ao 25º andar, totalizando 39,2 mil metros quadrados − um avanço significativo em relação aos 19,8 mil m² que ocupa atualmente.
Procurada, a Amazon informou estar com planos de uma rápida e ter mais de 500 vagas abertas para contratação. “A Amazon possui planos de desenvolvimento ambiciosos para o Brasil. Seguiremos contratando, aumentando nossa seleção de produtos e oferecendo opções de entregas cada vez mais rápidas e seguras para todo o país”, diz, em nota, a country manager da Amazon no Brasil, Juliana Sztrajtman.
O Biosquare, que deve se consolidar como um dos maiores símbolos do corredor de tecnologia da Rebouças, é fruto de uma tese da G.D8 para o futuro das lajes corporativas. “Em vez do home office, em que a pessoa transforma o escritório em casa, nós defendemos o office home, em que o escritório se torna a casa”, diz Daniel Ribeiro, CEO e fundador da incorporadora.
“O primeiro passo é trazer o escritório para mais próximo da residência das pessoas e do transporte público de massa. Esse é um dos destaques de Pinheiros, onde mora parte significativa de quem trabalha nas grandes empresas de tecnologia”, afirma Ribeiro.
O executivo critica a falta de infraestrutura de transporte e o trânsito de outros polos corporativos da capital paulista, como o entorno do Morumbi Shopping, área que concentra a maioria dos edifícios triple A da cidade − prédios de alto padrão de qualidade que abrigam multinacionais que têm milhares de funcionários. “É um absurdo pedir para um profissional sair de casa e passar horas na condução para trabalhar na Chucri Zaidan”, compara.
Para transformar essa ideia em realidade, porém, foi preciso paciência. Passaram-se três anos e meio entre a concepção do projeto e a aquisição de 26 terrenos separados para a consolidação do espaço de quase 5,6 mil metros quadrados em um dos endereços mais valorizados da cidade. Além da localização, a incorporadora aposta em lajes maiores e bastante área verde.
A execução do projeto não foi sem sustos. Junto à construtora Libercon, as obras começaram quando a tendência de trabalho remoto era mais forte do que hoje, por causa da pandemia de covid-19, e o mercado de escritórios tinha uma grande incerteza sobre como seria o futuro. Por isso, alguns investidores desembarcaram do projeto do Biosquare. A tese da incorporadora, entretanto, se provou correta.
Com a volta ao trabalho presencial consolidada nas grandes empresas, a demanda por espaços maiores aumentou, o que atraiu a Amazon. A gigante do e-commerce está em expansão no País e deixará o antigo prédio ao lado do shopping JK Iguatemi para se estabelecer em um local mais bem servido por transporte público − em grande parte, por causa da linha 4-Amarela do metrô.
Segundo dados da consultoria Newmark, a Avenida Rebouças tem hoje 75 mil metros quadrados (m²) de lajes corporativas para locação comercial, o que representa 12% do total da cidade. Desse número, apenas 8 mil m² estão vagos, mantendo uma taxa de vacância menor do que a da cidade, que é de 18%.
Até 2020, o crescimento do estoque no bairro de Pinheiros era de cerca de 10,7 mil m² por ano. A partir de 2021, impulsionado pelo avanço dos empreendimentos na Avenida Rebouças, essa média saltou para 34 mil m² anuais. De acordo com a Newmark, a previsão até 2027 é de um aumento de 25% sobre o estoque atual, com 11 novas torres previstas para os próximos três anos − mais da metade delas com endereço na própria Avenida Rebouças.
Localização privilegiada, espaços amplos e contato com a natureza são características obrigatórias nos empreendimentos desenvolvidos pela G.D8 no segmento residencial. Todos esses privilégios, porém, têm um preço. Especializada nos mercados de luxo e superluxo, a incorporadora concebe imóveis que custam até R$ 40 milhões.
O próximo projeto, por exemplo, é um condomínio residencial no bairro Cidade Jardim. Com quatro casas construídas com parede de vidro em um terreno de 3 mil metros quadrados, o empreendimento será cercado por mata atlântica. “Vamos gastar R$ 5 milhões só em árvores para o terreno”, afirma.
Fundada há 26 anos, a G.D8 Incorporadora se apoia na proposta de entregar “projetos irreplicáveis”. “Nosso foco é não ter foco, por isso tento não insistir em fórmulas”, diz Ribeiro.
Entre as inovações, estão sistemas de controle de qualidade do ar dentro dos quartos, piscina com correnteza e uma preocupação pujante com catástrofes. Daniel segue uma filosofia sobrevivencialista conhecida como Teotwawki (de “The End of the World as we Know it”), que parte da premissa de que é necessário se preparar para enfrentar um cenário em que todos correm perigo.
Toda a exclusividade e o ineditismo dos projetos da G.D8 se traduzem em imóveis acessíveis para os poucos e ricos compradores no mercado residencial. No corporativo não deve ser tão diferente. O preço da locação do Biosquare, por exemplo, será de R$ 180 por m², como antecipa Giancarlo Nicastro, CEO da consultoria imobiliária Siila.
“Com o esgotamento da Faria Lima, o fluxo natural é muitas empresas irem para a Rebouças. Uma região centralizada, com infraestrutura pública e empreendimentos modernos desperta desejo”, afirma Nicastro.
Apesar da demanda, porém, o executivo antecipa que será difícil ver outros prédios semelhantes ao Biosquare surgirem. “O empresário precisa ter muita resiliência e visão de longo prazo para construir em um terreno desse tamanho por anos. Você acaba esbarrando em espólios familiares, legislação pública e problemas de licitação no processo. Além disso, os terrenos estão cada vez mais raros na região”, observa.
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