Israel bombardeia o Irã em ofensiva para minar programa nuclear do país e mata lideranças militares - Estadão


Israel launched a series of preemptive strikes against Iranian nuclear facilities and military leaders, prompting immediate retaliation from Iran and raising concerns of a broader regional conflict.
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Israel ataca Teerã: 'Não podemos permitir que o Irã obtenha uma bomba nuclear'; veja pronunciamento

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Tensões entre os dois países voltaram a aumentar há semanas. Crédito: Forças de Defesa de Israel/X

Israel bombardeou diversos alvos no Irã, no que chamou de “ataques preventivos” em meio ao acirramento das tensões no Oriente Médio. O governo israelense alertou sua população para o risco iminente de uma retaliação com “mísseis e drones” vindos do território iraniano.

Segundo o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, o alvo da operação intitulada “Nação de Leões” foi o programa nuclear do Irã, em uma “uma operação militar direcionada para reverter a ameaça iraniana à própria sobrevivência de Israel.”

De acordo com a mídia estatal, o ataque resultou na morte dos dois mais altos líderes militares do Irã: o comandante das Forças Armadas, Mohammad Bagheri, e o comandante da Guarda Revolucionária, Hossein Salami. O general Gholamali Rashid, vice-comandante das Forças Armadas, também foi morto.

Ainda segundo a imprensa iraniana, pelo menos seis cientistas nucleares morreram no ataque.

“Abdolhamid Minouchehr, Ahmadreza Zolfaghari, Amirhossein Feqhi, Motalleblizadeh, Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoun Abbasi foram os cientistas nucleares martirizados”, informou a agência de notícias Tasnim.

As explosões ocorreram na madrugada desta sexta-feira, 13 (horário local, noite de quinta-feira no Brasil), e foram ouvidas na capital iraniana, Teerã. Outros bombardeios aconteceram nas cidades de Tabriz, Isfahan, Kermanshah, Arak e Natanz. Em Trabiz e Natanz, os ataques foram dirigidos contra instalações nucleares.

As autoridades israelenses classificaram o ataque como uma “primeira etapa” de ações contra o Irã, e disseram que a operação seguirá “tanto dias quanto for necessário”.

Já na sexta-feira, o Irã iniciou sua primeira onda de retaliação, lançando mais de 100 drones em direção a Israel, de acordo com o Brigadeiro-General Effie Defrin, principal porta-voz do exército israelense.

Um complexo residencial danificado na capital iraniana, Teerã, após ataques israelenses Foto: Arash Khamooshi/NYT

Os ataques de Israel ocorrem após semanas de ameaças de um ataque às instalações nucleares do Irã, e depois que as negociações entre Teerã e os Estados Unidos sobre o programa nuclear iraniano estagnaram. A primeira proposta feita pelo governo Trump foi rejeitada pelos iranianos, e criticada pelo líder do país, o aiatolá Ali Khamenei. Uma nova rodada de negociações aconteceria no domingo.

Tel Aviv já havia dito que não permitiria que os iranianos, seus inimigos históricos, adquirissem uma bomba atômica, algo que o Irã parece próximo de ser capaz de fazer. As Forças Armadas de Israel dizem que o Irã possui material físsil em quantidade suficiente para produzir 15 bombas atômicas “em questão de dias”.

As Forças Armadas de Israel confirmaram que os alvos do ataque desta quinta foram instalações nucleares do Irã, de acordo com o exército israelense 200 aviões de guerra participaram do ataque noturno, lançando centenas de bombas por todo o país e atingindo mais de 100 alvos.

Imagem mostra fumaça sobre Teerã na madrugada desta sexta-feira, 13, após ataque de Israel. Os dois países viviam tensão crescente há semanas Foto: Vahid Salemi/AP

O Irã informou a Agência Internacional de Energia Atômica que não houve contaminação química e aumento nos níveis de radiação na instalação nuclear de Natanz e que a usina nuclear de Bushehr não foi alvo, segundo Rafael Grossi, chefe da organização, em comunicado. A instalação nuclear de Isfahan também não foi afetada.

O ataque a Teerã foi o maior desde a guerra Irã-Iraque, décadas atrás.

“Esse é um momento decisivo na história de Israel”, disse o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu em pronunciamento. “Momentos atrás, lançamos a operação ‘Leão em Ascensão’, que tem o objetivo de combater a ameaça iraniana à sobrevivência de Israel. Nossos pilotos estão atacando uma série de alvos, e essa ação vai durar por quantos dias for necessário”, disse o premiê.

“Essa operação vai prejudicar a infraestrutura nuclear do Irã e suas capacidades militares”, prosseguiu Netanyahu. “Atacamos o coração do programa de enriquecimento de urânio [de Teerã]”, disse, acrescentando que também teve como alvo cientistas que trabalham no programa nuclear do país persa. “Nossa luta não é contra o povo iraniano, e sim contra a ditadura do Irã”.

Em uma declaração logo após o exército israelense anunciar a conclusão do ataque ao Irã, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, disse que o exército “continuaria suas atividades para frustrar o programa nuclear iraniano e remover as ameaças ao Estado de Israel.

Segundo os relatos da mídia estatal iraniana, moradores de Teerã acordaram com o som da explosão. Nas redes sociais, usuários relatam sons de explosão em áreas residenciais de Teerã.

Sirenes são ouvidas em Teerã após ataques de Israel

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Israel anunciou ataque contra o Irã e já se prepara para retaliação. Crédito: AFP

O ataque ocorreu enquanto os Estados Unidos lideravam esforços para negociar um acordo com Teerã que limitaria a capacidade do Irã de produzir armas nucleares e um dia após a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o órgão de vigilância nuclear da ONU, censurar o Irã por não cumprir com suas obrigações de não proliferação nuclear.

A ofensiva também marca o resultado de meses de desacordo entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu sobre as medidas com o Irã. Netanyahu há muito propõe o uso da força militar para sabotar as ambições nucleares de Teerã.

Nesta quinta-feira, Trump afirmou que não queria que Israel lançasse um ataque, prevendo que isso destruiria a chance de uma solução diplomática. “Acho que isso arruinaria tudo”, disse ele. Em seguida, acrescentou um aceno para o outro lado da equação, dizendo que um ataque “pode ​​ajudar, na verdade, mas também pode arruinar tudo”.

Trump descartou um plano israelense de atacar o Irã há meses, insistindo que queria uma chance de negociar um acordo com Teerã. Há duas semanas, Trump declarou ter alertado Netanyahu contra o lançamento de um ataque enquanto os EUA estavam em negociação. Os esforços, no entanto, fracassaram e não está claro qual o papel de Trump neste último ataque.

Após o início da ofensiva, Trump disse à emissora Fox News que estava a par de que Israel lançaria ataques contra o Irã antes que eles acontecessem, e ressaltou que a República Islâmica “não pode ter uma bomba nuclear”.

“Esperamos voltar à mesa de negociação. Veremos”, disse o republicano, segundo a Fox News.

Ataque esperado

O ataque não foi uma surpresa. O governo israelense danificou o sistema de defesa aérea iraniano durante seus ataques ao Irã no ano passado e planejou durante meses aproveitar a fragilidade de Teerã para realizar novos ataques.

Prevendo uma escalada regional, os EUA retiraram diplomatas do Iraque na quarta-feira e autorizaram a saída voluntária de familiares de soldados americanos destacados em outras partes do Oriente Médio. Uma agência do governo britânico também alertou na quarta-feira sobre uma escalada que poderia representar maiores riscos para navios no Golfo Pérsico.

O ataque foi um dos movimentos mais descarados em uma luta de décadas entre Israel e Irã que, até o ano passado, costumava ser conduzida por meio de operações secretas e não declaradas.

Durante anos, o Irã financiou milícias regionais que se opõem à existência de Israel e realizou ataques clandestinos contra a infraestrutura e os interesses israelenses. Israel, que se acredita ser a única nação do Oriente Médio com armas nucleares, vê o programa nuclear iraniano como uma ameaça existencial e há muito tempo realiza seus próprios ataques secretos contra o programa nuclear, cientistas e outras infraestruturas iranianas.

A guerra oculta veio à tona depois do ataque terrorista do Hamas em Israel no dia 7 de outubro de 2023. O ataque resultou tanto na guerra em Gaza quanto num confronto regional mais amplo, que coloca Israel contra o Irã e seus representantes, incluindo o Hezbollah no Líbano, grupos armados no Iraque e os rebeldes Houthi no Iêmen.

O ataque israelense a um complexo controlado pelo Irã na Síria em abril de 2024 levou Teerã a disparar uma enorme barragem de mísseis contra Israel. O Irã lançou um ataque semelhante no outono passado, depois que Israel assassinou Ismail Haniyeh, um líder do Hamas, durante uma visita ao Irã no verão passado, e depois matou Hassan Nasrallah, o líder do Hezbollah. /NYT, AP

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