Investigações recentes do Ministério Público (MP) revelaram como pastores de igrejas evangélicas têm lucrado com a emigração de brasileiros para Portugal.
Segundo o MP, um brasileiro fundou uma igreja evangélica no Seixal (Setúbal). A sua mulher era a tesoureira e ministra. Ambos foram acusados de auxílio à imigração ilegal.
O MP, de acordo com a Procuradoria-Geral Regional de Lisboa, acusa os brasileiros por 13 crimes de auxílio à imigração ilegal e 13 crimes de falsificação de documentos.
“(Montaram) esquema para obter proventos econômicos com a facilitação da permanência e legalização de cidadãos estrangeiros, sobretudo brasileiros”, informou o MP.
No alegado esquema desmontado pelo MP, os religiosos usavam contatos da igreja e se aproveitavam da “vulnerabilidade e da precariedade em que se encontravam” os brasileiros.
Em tempos de caos na agência de imigração, o casal se apresentava como facilitador para a regularização da situação de residência. Segundo o MP, forjavam documentos.
“Cobravam dinheiro pela obtenção e disponibilização dos documentos necessários à emissão do visto de entrada em Portugal e à legalização junto ao extinto SEF”.
A “SIC Notícias” revelou, sobre o mesmo caso, que até cem pessoas chegaram a viver em uma garagem em condições precárias, pagando € 400 (R$ 2,6 mil) pelo improviso organizado pela dupla.
De acordo com o MP, os acusados exploravam o aluguel do espaço, que transformaram em imóveis “sem condições de habitação”, sem divisões e com banheiros e cozinhas compartilhadas.
Em Vila do Conde, Norte de Portugal, o fundador de uma igreja evangélica é acusado pelo MP pelos crimes de auxílio à imigração ilegal, falsificação de documentos e falsidade informática.
A Procuradoria Geral Distrital do Porto, que cita o documento do MP, informou que o acusado teria agido para “obter dividendos à custa de três ofendidos – brasileiros frequentadores de comunidades religiosas – sob o falso pretexto de os ajudar a entrar e permanecer em Portugal”.
Assim como no caso do Seixal, o acusado, segundo o MP, teria contado com a ajuda da esposa e pedido contribuições financeiras:
“Aliciou a entregar quantias monetárias como condição da obtenção da documentação de legalização; elaborou documentos falsos que apresentou nas autoridades nacionais; inscreveu dados falsos na aplicação SAPA e manteve os ofendidos alojados em local destituído de condições de habitabilidade, higiene e dignidade”.
O antigo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras havia investigado um bispo que fingia trazer religiosos do Brasil, mas usava os fiéis como mão de obra irregular em Portugal, como revelou a coluna em 2021.
Em Portugal, as contribuições dos fiéis para as igrejas são livres de impostos.
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