'Não sobreviveria na cadeia', diz Carla Zambelli, que critica condenação pelo STF


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Key Points of Carla Zambelli's Case

Brazilian congresswoman Carla Zambelli was sentenced to 10 years in prison by the Supreme Federal Court (STF) for allegedly ordering hacker Walter Delgatti to insert false documents into the National Council of Justice (CNJ) system. She maintains her innocence and claims the accusations are based on inconsistencies and a flawed investigation.

She is actively pursuing strategies to overturn the conviction, including legal appeals and efforts to persuade parliamentarians to halt the criminal proceedings. She is reportedly receiving support from several individuals, including Michelle Bolsonaro, though public support is limited.

Zambelli's Claims and Defense

Zambelli asserts that she would not survive in prison due to health issues, including a rare syndrome and pre-existing conditions. Her defense team argues that the evidence against her is weak, citing Delgatti's questionable credibility, the absence of oral arguments, and the lack of evidence demonstrating she directly ordered the hacker to commit crimes. They also highlighted inconsistencies in the Police investigation.

Political Context

Zambelli's political career has been closely tied to the Bolsonaro administration. She gained prominence through her activism, her relationship with Bolsonaro, and also with former judge Sergio Moro. Her past actions, such as drawing a weapon on a journalist, have further shaped her public image and political career.

Potential Consequences

If her conviction is upheld, Zambelli's political career will likely be severely impacted, potentially leading to her expulsion from Congress. This would add to the already significant number of high-profile departures within the PL party in São Paulo.

  • Zambelli's conviction stems from accusations of ordering the insertion of false documents into the CNJ system.
  • She is employing legal and political strategies to challenge the ruling.
  • Her defense highlights inconsistencies in the investigation and the credibility of key witnesses.
  • Her political career is significantly intertwined with Jair Bolsonaro's administration.
  • A potential removal from office would mark another high-profile departure for the PL party.
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A deputada federal Carla Zambelli (PL), condenada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão por supostamente ordenar ao hacker Walter Delgatti que inserisse documentos falsos no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), afirmou nesta quinta-feira (15) que conta com o apoio de colegas para derrubar a ação penal e que não sobreviveria ao cumprimento da pena na cadeia.

Além de apresentar recursos e protelar o trânsito em julgado, a deputada pretende convencer os parlamentares a sustarem a ação penal contra ela, assim como ocorreu no caso de Alexandre Ramagem (PL-RJ). Segundo ela, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), teria dado "sinal verde" para o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

Indagada sobre a quantidade de apoio que obteve até agora diante das poucas manifestações de solidariedade de colegas, inclusive do PL, nas redes sociais, Carla Zambelli afirmou que "publicamente, foram poucas", mas garantiu ter recebido dezenas de ligações, inclusive, segundo ela, da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e de outras pessoas da família. O ex-presidente Jair Bolsonaro, no entanto, não a procurou, disse.

— Não é interessante adiantar a estratégia, mas já tenho boa parte do apoio que eu preciso para fazer essa votação. Estamos aguardando o melhor momento e ainda temos tempo para fazer isso — afirmou.

A parlamentar convocou uma entrevista coletiva em frente ao diretório estadual do PL, em São Paulo, e compareceu ao lado do seu advogado, Daniel Bialski. Zambelli preparou um "dossiê" a jornalistas para sustentar que há inconsistências no julgamento e no relatório da Polícia Federal que a incrimina.

— Eu não iria, de forma alguma, brincar de fazer invasão ao CNJ, de mandar prender o ministro [do STF] Alexandre de Moraes com um documento assinado por ele próprio. Assim, é tão ridículo que, realmente, como disse a ministra Carmen Lúcia, seria burrice. Eu não colocaria o meu mandato em risco por causa de uma brincadeira sem graça.

Antes do pronunciamento, Zambelli rezou com duas mulheres em coreano. Ao fim da entrevista, um assessor levou três comprimidos para que ela tomasse com água.

A deputada enumerou problemas de saúde com que convive e devem ser usados para embasar um pedido de prisão domiciliar, caso não consiga reverter a sentença. Ela diz que já foi internada duas vezes, enfrenta depressão e problemas cardíacos, desmaios e uma síndrome rara, chamada Ehlers-Danlos, que faz "todo o corpo sair do lugar" e causa transtornos de mobilidade.

— Ainda que seja injusta a decisão, eu sigo a lei. Se acontecer a prisão, vou me apresentar. Mas, hoje, não me vejo capaz de ser cuidada da forma que preciso [presa]. Estou pegando vários relatórios dos meus médicos e eles são unânimes em dizer que eu não sobreviveria na cadeia. Vamos apresentar isso também em momento oportuno — afirmou.

Carla Zambelli ganhou projeção política com o movimento "Nas Ruas", um dos que pressionaram pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), e com a ascensão de Bolsonaro, de quem foi vice-líder na Câmara. Ela também mantinha proximidade com o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), que foi seu padrinho de casamento, até a ruidosa saída dele do Ministério da Justiça.

Na eleição passada, a deputada sacou uma arma contra um jornalista, militante petista, depois de um bate-boca na rua, na véspera do segundo turno. Bolsonaro já declarou que a situação teria custado a ele a vitória contra Lula (PT), o que ela contesta. Zambelli, por sua vez, disse ter sido abandonada pelo ex-capitão. Além da condenação pela invasão no CNJ e do processo em curso pela ameaça armada, ela também já prestou depoimento à PF anteriormente no inquérito das fake news.

O relator Alexandre de Moraes impôs a ela a pena de dez anos de prisão por invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica, sentença referendada em plenário virtual, por unanimidade, pelos ministros Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux.

Moraes aponta que Walter Delgatti, a mando de Zambelli, inseriu pelo menos 16 documentos falsos no CNJ. Uma das provas consiste em um arquivo acessado pela deputada segundos depois de ter sido criado pelo hacker em seu computador. O relatório da PF apresenta ainda a transferência de R$ 3 mil da cota parlamentar da deputada e R$ 10,5 mil pelas contas de assessores. A transação do motorista, porém, teria sido feita para compra de garrafas de uísque.

A defesa de Zambelli diz que ela não tem nenhuma relação com as invasões ao sistema do CNJ, que contratou o hacker para prestar um serviço de melhoria do seu site nunca entregue e que isso está comprovado em trocas de mensagens com funcionários do gabinete. Bialski desqualifica a colaboração premiada de Delgatti dizendo que se trata de um "mitômano", reconhecido como tal pelos próprios investigadores, e mudou de versão constantemente em seus depoimentos.

O advogado critica ainda a ausência de sustentação oral em plenário, o que teria cerceado o direito de defesa, e afirma que não há qualquer prova de que a sua cliente teria contratado o hacker para cometer crimes. A deputada justificou os arquivos falsos encontrados em seu celular e inseridos no site do CNJ como conteúdos que já circulavam nas redes em tom de piada.

Se cassada, Carla Zambelli será a terceira campeã de votos do PL para a Câmara em São Paulo a deixar a bancada do partido. Em 2022, ela foi a segunda mais votada no estado , com 946 mil votos, atrás apenas do deputado Guilherme Boulos (PSOL). Eduardo Bolsonaro foi o terceiro, com 741 mil votos, e se licenciou do cargo antes de se mudar para os Estados Unidos. Ricardo Salles veio em seguida, com 640 mil, mas saiu do partido e foi para o Novo.

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