O pedido coincide com um momento de distanciamento entre a gestão petista e classe trabalhadora, fato corroborado pela decisão de Lula de não comparecer às celebrações do 1º de Maio, em São Paulo – até então, uma tradição nos governos do PT.

A reunião aconteceu depois de os líderes sindicalistas realizarem uma marcha em Brasília e visitarem a sede do Executivo para entregarem uma agenda com demandas da classe para o presidente da República.

Participaram do encontro com Lula representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), além de ministros e auxiliares.

A agenda foi realizada pelo Planalto a portas fechadas, inclusive com o pedido para que os representantes dos trabalhadores deixassem seus celulares pessoais do lado de fora da reunião. A imprensa, por exemplo, foi liberada apenas para fotografar e gravar a entrega do documento logo no início da reunião, sem qualquer registro adicional.

Após isso, Lula reclamou, em tom de brincadeira, do tamanho da lista de demandas trazida pelos sindicatos. “Parece uma lista telefônica”, teria dito o presidente, segundo interlocutores presentes. Em seguida, no entanto, ele pediu que as centrais elejam três “prioridades”, entre todas as pautas listadas, para que o governo petista articule e negocie o avanço dessas medidas junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso Nacional.

Em outro gesto às centrais, o presidente sinalizou que levará todas as reivindicações apresentadas para cada área do seu governo. Nas palavras do petista, os ministérios irão “prestar contas” sobre o andamento das exigências conforme a situação avançar. Por conta disso, o chefe do Executivo se comprometeu com uma nova reunião, a ser realizada em breve, para que o governo atualize os sindicatos sobre o rumo das medidas divulgadas.

“Nosso governo tem raízes nessa luta e estará sempre com as portas abertas para o diálogo com aqueles que fazem a roda da economia girar”, escreveu Lula, em suas redes sociais, após a reunião no Planalto.

O documento apresentado pelas centrais sindicais traz, entre outros itens, a sugestão do fim da escala 6x1. Sobre isso, o Valor apurou que Lula teria dito apenas que o assunto tem de ser discutido com o Congresso e não depende apenas do governo federal.

Como decidiu ficar ausente dos atos de 1º de Maio neste ano, o presidente optou por gravar somente um pronunciamento direcionado aos trabalhadores, que será televisionado em rede nacional na quarta-feira, véspera da data em si.