Dona do Instagram e do Facebook, Meta acoberta falsários - 23/04/2025 - Drauzio Varella - Folha


Dr. Drauzio Varella accuses Meta of complicity in fraudulent schemes using his image to promote fake health products online.
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Há anos quadrilhas de falsários usam minha imagem para achacar pessoas ingênuas. No começo era a minha foto que ilustrava textos com propagandas de tratamentos miraculosos, capazes de curar dor nas costas e nas juntas, diabetes, pressão alta, Alzheimer e outros males que afligem grande parte da nossa população.

Como essas falsidades eram veiculadas pelo Instagram e pelo Facebook, procurei entrar em contato com a Meta —a empresa responsável— para pedir que as retirassem do ar. Depois de inúmeras tentativas realizadas por mim e pela equipe da Júpiter, a agência que coordena nosso Portal de Saúde, concluímos que a empresa não tinha nenhum interesse em dar fim a esse crime contra a saúde pública, muito pelo contrário, não apenas mantinha os vídeos no ar como acobertava a identidade dos falsários.

Sabe por que razão a plataforma age dessa forma? Porque trabalha em conluio com essas quadrilhas. Explico melhor, prezado leitor: você faz um vídeo e publica em suas redes sociais. Quantos terão acesso a ele? Cem, 200, número insignificante para os estelionatários. Para eles é negócio pagar para a plataforma impulsioná-los. Desse modo, a depender da verba de que disponham, podem atingir centenas de milhares ou milhões de incautos. Vai valer a pena, as vendas serão multiplicadas sem risco de enfrentar a lei, a Meta lhes garantirá o anonimato.

A ligação da empresa com os ladrões é clara. Por esse mecanismo eles inundam a internet com anúncios falsos. No caso da venda de comprimidos e cápsulas que ninguém faz ideia do que contêm, quem pratica o crime mais abjeto? Os que fabricam e anunciam o produto ou quem é pago para fazê-lo chegar ao maior número possível de pessoas?

Nos últimos anos, essas propagandas que usam meu nome e minha imagem se multiplicaram em proporções geométricas. A julgar pelo número das que chegam até mim, devem ser centenas ou milhares. Os que as enviam pedem que eu tome providências. Quais? Reclamar com quem ganha dinheiro com esse tipo de transação?

O advento da inteligência artificial permitiu que os meliantes aperfeiçoassem o golpe. No início, a imitação da minha voz era grosseira e o movimento dos lábios atropelava as palavras pronunciadas. Hoje, até eu me confundo. Meus lábios estão quase sincronizados com a fala, chego a achar que a voz falsificada é melhor que a minha.

Claro que fico revoltado ao ver a carreira que construí em mais de 50 anos ser vilipendiada, meu nome na boca de gente da pior espécie, que faz uso dele para roubar gente humilde e de boa-fé. Mas o que mais me dói é ser parado na rua por pessoas simples que me perguntam por que não melhoram com o remédio que eu teria recomendado. Ou que pagaram sem nunca receber a encomenda.

Inconformado com a impunidade desses criminosos e com o acobertamento que a Meta coloca à disposição de seus acólitos, movi uma ação judicial contra a empresa e fiz uma denúncia ao Ministério Público de São Paulo. Ambas correm em segredo de Justiça.

Amigos me alertaram para os percalços de processar a plataforma de um dos homens mais ricos do mundo. De fato, há vários países tentando estabelecer regras que permitam enquadrá-la nos limites das leis. A resposta todos já ouviram: eles são contrários a qualquer tipo de regulamentação, por serem defensores ferrenhos da liberdade de expressão.

Como assim? Associar-se a meliantes que praticam crimes contra a saúde pública tem alguma coisa a ver com princípios democráticos?

O argumento de que eles publicam milhares de vídeos por dia e por isso não teriam como fiscalizá-los não se sustenta. Porque quando denunciamos a fraude eles nem se dignam a responder, ou simplesmente prometem que "irão verificar". Se barrar os impostores é tão difícil, por que a mesma coisa não acontece com o YouTube, plataforma que consegue se defender dessa escória?

Cara leitora, crimes contra a saúde pública estão sujeitos a penas de dez anos de prisão. Qual a lógica de a sociedade puni-los com esse rigor enquanto aceita que sejam cometidos impunemente pela internet?

Até quando vamos nos acovardar diante dessas quadrilhas que atuam sob a proteção da Meta e de outras plataformas?

Será que devemos ter dois Códigos de Processo Penal, um para os criminosos da internet e outro para o comum dos mortais?

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