The Theatro Sete de Abril in Pelotas, Brazil, has been closed for 15 years due to extensive restoration. Initially closed in 2010 due to roof collapse risks, the first phase of restoration (2013-2014) focused on roof replacement. A comprehensive restoration plan, approved in 2018, commenced in 2019, but faced multiple delays due to bureaucratic hurdles, the pandemic, and political changes. The first phase, which covered structural repairs, concluded in mid-2022. The second phase, encompassing electrical work, climate control, fire prevention systems, and stage equipment, is still in progress.
The theatre's condition has become a point of political contention. The former mayor claims near-completion before her term ended, suggesting a partial opening could have occurred with temporary solutions. The current mayor counters that significant funding (approximately R$5 million) is still needed, expressing commitment to a fully functional and safe reopening.
The prolonged closure is severely impacting Pelotas' cultural scene. Historians highlight the loss of cultural memory for a generation unfamiliar with a fully functional Sete de Abril, emphasizing the damage to the city's identity. Local performing arts groups, such as Grupo Tholl, lament the lack of a suitable public venue in their hometown, leading them to perform predominantly outside Pelotas.
The main remaining hurdle is the electrical system installation, expected to be completed within months. The theatre's projected reopening is set for late 2025, coinciding with its 191st anniversary. While the exterior will soon be accessible, the total impact of this extended closure on local culture and artistic development remains profound.
Pelotas convive há 15 anos com o silêncio em um de seus maiores patrimônios culturais. O Theatro Sete de Abril, berço da cultura no Sul do Estado, segue de portas fechadas.
Embora parcialmente restaurado, o prédio localizado no coração da cidade ainda carece de obras finais para ter as atividades retomadas. A atual previsão da prefeitura, que administra o teatro, é reabrir até o fim de 2025, mas os impactos para a cena cultural local já são profundos.
A situação contrasta com a importância histórica do teatro, que foi inaugurado em 2 de dezembro de 1834 — vinte e três anos e meio antes do São Pedro, em Porto Alegre.
Interditado pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2010, após constatação de risco de desabamento do telhado, o Sete de Abril passou três anos totalmente fechado. Somente entre 2013 e 2014 foi realizada a primeira intervenção, com a troca completa da cobertura e investimento de R$ 1,2 milhão do governo federal. Na sequência, foi avaliado que a degradação interna exigiria um projeto de restauração integral.
O plano completo foi incluído no PAC Cidades Históricas e aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2018. Contudo, a execução das obras, iniciada em agosto de 2019, enfrentou sucessivos atrasos, entraves em licitações, pandemia e mudanças políticas.
A primeira fase do restauro, que envolveu a recuperação da estrutura física, foi concluída em meados de 2022. Fachadas, ornatos, sacadas, esquadrias, camarotes, camarins, plateias, foyer e palco em estilo italiano foram restaurados. Também houve melhorias nos sistemas elétrico e hidráulico.
O desafio atual é finalizar a segunda etapa, que envolve a conclusão da nova rede elétrica, instalação de climatização, sistema de prevenção contra incêndios, iluminação cênica, cortinas e equipamentos de som.
A situação do teatro alimenta uma disputa de narrativas na política local. A ex-prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) afirma que a reinauguração estava próxima na sua gestão. Mesmo com pendências, a administração planejava uma possível abertura parcial para a cerimônia de posse do atual prefeito, Fernando Marroni (PT), no início deste ano. A proposta incluía o uso de geradores para suprir temporariamente a ausência da nova rede elétrica e a solicitação de um Plano de Prevenção e Combate a Incêndios (PPCI) provisório.
Em declaração publicada nas redes sociais na segunda metade de janeiro e reiterada para esta reportagem, Paula escreveu: "Estávamos na reta final. As poltronas da plateia tinham entrega prevista para janeiro de 2025, o mobiliário dos camarotes já estava em produção e a licitação da caixa cênica, em fase final. A parte elétrica levaria até seis meses, mas o teatro poderia abrir provisoriamente com equipamentos alugados. Também prevíamos investir em climatização, tecidos, luminárias e no sistema de prevenção contra incêndios com recursos próprios".
Já o atual prefeito, Fernando Marroni, afirma que a obra ainda está longe da conclusão. Segundo ele, são necessários cerca de R$ 5 milhões em investimentos para que o espaço seja entregue em condições ideais ao público:
— Pelotas merece um teatro plenamente funcional, com segurança, conforto e toda a estrutura que o espaço exige. Se precisar abrir sem climatização, vamos abrir. Ainda há muito a ser feito. Quando assumimos, nos foi dito que restava pouca coisa, mas a realidade era outra. Estamos trabalhando intensamente para resolver todas as pendências e entregar o teatro o mais rápido possível.
De acordo com a atual secretária municipal de Cultura, Carmen Vera Roig, a principal pendência para a reinauguração do teatro é a instalação da nova rede elétrica, que deve ser concluída nos próximos meses. A previsão é de que o Sete de Abril seja reaberto até o fim de 2025, quando completará 191 anos de história.
— Ainda faltam detalhes, mas é um esforço coletivo e constante, e até uma bandeira de trabalho, que o Sete de Abril seja reaberto o mais rápido possível — diz Carmen.
Segundo a secretária, a retirada dos tapumes que cercam o prédio deve ocorrer em breve. A medida vai permitir que, mesmo com o teatro ainda não reaberto ao público, a fachada histórica volte a servir de cenário para fotos e visitação de turistas.
O ex-secretário de Cultura da prefeitura durante as gestões Eduardo Leite e Paula Mascarenhas e ex-diretor do Sete de Abril Giorgio Ronna, que esteve à frente da primeira fase do restauro, diz que a burocracia e os entraves administrativos foram obstáculos difíceis de superar:
—Trabalhamos muito para que pudesse ser devolvido à cidade. Conseguimos fazer o restauro estrutural do prédio, mas o tempo e as dificuldades nas licitações e o orçamento impediram a reabertura durante a nossa gestão. A burocracia foi, sem dúvida, um dos grandes entraves.
Ele lembra que, além da restauração física, havia um trabalho em andamento para buscar parceiros da iniciativa privada que ajudassem a garantir a manutenção e a programação artística do espaço:
— Nosso objetivo era não apenas reabrir o teatro, mas colocá-lo em funcionamento com uma programação viva e sustentável.
Para a historiadora Suellen de Medeiros Cortes, conhecida como professora Suka, a prolongada interdição do Theatro Sete de Abril compromete a formação cultural da sociedade:
— Estamos formando uma geração inteira sem memória do Sete. Para eles, é só uma fachada coberta por tapumes. É gravíssimo para a identidade cultural da cidade.
Construído em pleno ciclo das charqueadas, o Sete de Abril foi idealizado pela elite pelotense. Inspirado nas tendências culturais europeias, impunha rígidas normas sociais: apenas quem usasse vestimentas formais, como a casaca, podia frequentar as apresentações.
Estamos formando uma geração inteira sem memória do Sete. Para eles, é só uma fachada coberta por tapumes. É gravíssimo para a identidade cultural da cidade
SUELLEN DE MEDEIROS CORTES
Historiadora
Com o passar das décadas, o teatro se democratizou, abrindo as portas para espetáculos gratuitos e projetos de formação cultural, tornando-se símbolo de acesso à arte em Pelotas.
Suka avalia que perder essa referência histórica é também fragilizar a relação dos jovens com o patrimônio local:
— Quando uma cidade não preserva seus espaços de memória, perde a capacidade de se reconhecer como comunidade.
A ausência do Sete de Abril é sentida de maneira ainda mais intensa por quem vive da arte. Os artistas João Bachilli e João Schmidt, do Grupo Tholl — que fez sua primeira apresentação no Sete no final dos anos 1990 —, relatam dificuldade de se apresentar atualmente em Pelotas. Bachilli compara:
— A nossa primeira grande experiência foi no palco do Sete. Hoje, seguimos criando, mas não temos um palco público digno para nos apresentar na cidade onde nascemos. Isso é um retrocesso enorme.
— Um teatro vivo é a alma de uma cidade pulsando. Sem isso, vamos perdendo a nossa identidade cultural.
Com a falta de espaços adequados, a maioria das apresentações do Tholl, que hoje é reconhecido nacionalmente, ocorre fora de Pelotas. Na cidade, o grupo consegue se apresentar apenas uma ou duas vezes por ano, normalmente em locais alternativos e na própria sede do grupo, que não conta com a estrutura de um teatro tradicional. Bachilli desabafa:
— É muito triste passar na frente do Sete de Abril e ver aquele símbolo da nossa história fechado há tanto tempo. Cada vez que passo ali, sinto uma tristeza enorme.
A nossa primeira grande experiência foi no palco do Sete. Hoje, seguimos criando, mas não temos um palco público digno para nos apresentar na cidade onde nascemos
JOÃO BACHILLI
Diretor do Grupo Tholl
Segundo ele, a situação atinge toda a cadeia cultural da cidade:
— Pelotas precisa de espaços públicos de cultura ativos e acessíveis. Não ter o Sete de Abril e nem outros teatros públicos funcionando como deveriam prejudica imensamente a formação de público, os artistas locais e o futuro da nossa cultura.
Enquanto as portas do prédio histórico não são reabertas, o Tholl e outros grupos de Pelotas seguem levando o nome da cidade para outros palcos — à espera do dia em que poderão voltar a brilhar também no teatro que marcou o início de suas trajetórias.
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