Como Collor passou mais de 30 anos escapando da prisão mesmo sendo denunciado até pelo irmão - Estadão


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Fernando Collor's Evasion of Imprisonment

This article from Estadão recounts the long history of Fernando Collor's avoidance of imprisonment despite facing numerous accusations of corruption spanning three decades. The article highlights the pivotal role of his brother, Pedro Collor's, accusations, detailed in a Veja magazine article in 1992, which initiated the impeachment process.

Key Accusations and Events

  • Pedro Collor's accusations of corruption involving the 'Esquema PC', a scheme operated by Collor's campaign treasurer, Paulo Cesar Farias.
  • Details of Collor's lavish lifestyle and alleged involvement in illicit activities, including accepting bribes from companies like Odebrecht, OAS, and Mercedes Benz.
  • Collor's impeachment in 1992, followed by his acquittal by the Supreme Court due to lack of evidence despite the serious nature of allegations.
  • The recent order for Collor's arrest issued by Supreme Court Justice Alexandre de Moraes.

The Supreme Court's Role

The article emphasizes the Supreme Court's role in both Collor's initial acquittal and his subsequent arrest warrant. The lack of concrete evidence cited in his earlier acquittal is contrasted with the current situation, resulting in the issuance of an arrest warrant.

Collor's Political Career

Despite the numerous accusations and the impeachment, Collor maintained a political career, even serving as a senator after his presidency. This underlines the complexity of the Brazilian political landscape and the challenges in bringing powerful figures to justice.

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“O tempo é senhor da razão”. A frase estava estampada em uma das camisetas usadas pelo então caçador de marajás que fora o primeiro presidente eleito pelo voto direto após a ditadura militar. Era década de 1990 e Fernando Collor cultivava o hábito de mandar mensagens nas camisas que usava em corridas dominicais próximo à Casa da Dinda, residência da família que se tornou o lar oficial do chefe do Poder Executivo na temporada em que ele permaneceu no poder. Passados 33 anos desde que foi alvo de impeachment, Collor tem o rumo da cadeia apontado pelo Supremo Tribunal Federal.

O ex-presidente Fernando Collor com camiseta repetindo os dizeres de outra que usou na década de 1990 Foto: Reprodução via Facebook

Nessas três décadas, o político alagoano conseguiu se livrar de processos criminais, manter-se livre e até se eleger senador. Dos conturbados anos de sua gestão na presidência da República, os brasileiros viram atônitos suas contas serem confiscadas, assistiram o alagoano pilotar jet-ski, pegar carona em avião caça da FAB e ser denunciado pelo próprio irmão.

A denúncia de Pedro Collor, estampada na capa da revista Veja de maio de 1992 foi o começo do fim daquele governo que prometia domar a inflação, mas naufragou. Do irmão veio a acusação de que o presidente mantinha um esquema de corrupção operado pelo tesoureiro de campanha Paulo Cesar Farias, empresário alagoano que terminaria assassinado anos depois.

Pedro Collor deu entrevistas, prestou depoimentos e até escreveu um livro. Nas inconfidências, o irmão delator – na época não havia essa figura hoje prevista em lei – escancarou não só os atos de corrupção, como revelou detalhes da conduta pessoal de Fernando Collor, falando de sexo e até uso de drogas por métodos impensáveis.

Pedro Collor denunciou o irmão Fernando Collor em maio de 1992 Foto: Sergio Amaral/Estadão

Collor foi acusado de se beneficiar de recursos desviados de seu próprio governo. O Esquema PC cobrava propina de empresas e Collor mantinha suas contas em dia às custas de cheques em nome de pessoas inexistentes. Eram os cheques fantasmas. Até os jardins da Dinda foram remodelados a soldo do Esquema PC.

A fila de empresas que pagaram propina era longa. Algumas delas reapareceriam em outros escândalos, incluindo os da Lava Jato décadas depois, operação que reuniu provas para a condenação sempre adiada de Collor. Na lista de pagadoras de propina sob coação ou voluntarismo estavam Odebrecht, OAS e até a Mercedes Benz.

O ex-presidente Collor deixando o Planalto após aprovação de impeachment pela Câmara em 1992 Foto: Wilson Pedrosa/Estadão

A denúncia de Pedro levou Fernando a inaugurar o instituto de impeachment de um presidente da República. Collor deixou o Planalto pela porta da frente fazendo pose de quem não tinha se dado por vencido. Voltou de helicóptero para a Dinda e já sentiu o gosto do poder indo embora ao ver um pedido seu de sobrevoar algumas áreas da capital negado pelo piloto.

Após votação na Câmara, veio o julgamento no Senado. Collor ainda tentou renunciar antes da votação. Não adiantou. Senadores seguiram com a sessão. Da Casa da Dinda, viu a faixa presidencial ir embora de vez. Na época, recebeu jornalistas na biblioteca no terreno ao lado de sua mansão que fica às margens do lago Paranoá.

Fachada da Casa da Dinda de Fernando Collor Foto: Wilton Junior / Estadão

Ao abrir a porta, fez questão de apertar com força desmesurada a mão de quem estava ali de plantão, destilando o ódio de ter sido ceifado do poder por reportagens de jornalistas como os que estavam ali para ouví-lo. Fez discurso de perseguido e injustiçado, falas repetidas hoje por outro ex-presidente que está no banco dos réus.

As acusações sobre o Esquema PC não resultaram em condenação. O mesmo STF de onde agora sai a ordem de prisão, da década de 1990, preferiu absolver o ex-presidente por falta de provas. Antes, o político se sentou no banco dos réus e foi prestar depoimento ao então relator Ilmar Galvão. Diante do magistrado que ele mesmo havia indicado ao STF, inventou que o dinheiro que chegava em sua conta era fruto de sobras de campanha e não propina.

No dia do julgamento, a maioria do ministros entendeu que faltavam atos oficiais de Collor para atestar a corrupção. Ele recebeu dinheiro em suas contas, mas fez isso em troca de que? Era a pergunta dos ministros da Corte diante de uma denúncia que sustentava que não havia necessidade de indicar os atos para prender um corrupto. Três ministros tiveram esse entendimento, mas outros cinco não. E Collor, já sem a faixa presidencial, saiu livre. Permaneceu assim até o despacho do ministro Alexandre de Moraes, na noite desta quinta-feira, 24, mandando prender o político das Alagoas.

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