Cardeal peruano acusado de abuso sexual e afastado da Igreja desafia Francisco ao participar das atividades pré-conclave


AI Summary Hide AI Generated Summary

Key Figures and Events

The article centers on Cardinal Juan Luis Cipriani, a Peruvian cardinal accused of sexually abusing a teenager four decades ago. Despite Pope Francis's sanctions, including prohibiting him from wearing cardinal attire and participating in the upcoming conclave, Cipriani attended pre-conclave meetings and was photographed in cardinal regalia at Pope Francis' funeral services. This action has drawn criticism from survivors' networks and experts.

Cipriani's Actions and Defiance

Cipriani's presence at pre-conclave events, where cardinals discuss the future of the Church, is considered provocative and a demonstration of the Church's ultra-conservative wing's strength. Cipriani maintains his innocence and claims Pope Francis allowed him to resume pastoral duties in 2020. The Vatican has remained silent on this matter.

Criticisms and Consequences

Cipriani's actions have been condemned by the Peruvian Survivors' Network and others, who see it as a revictimization of the accuser and a blow to the Church's credibility. Experts highlight the discrepancy between the Church's words on zero tolerance for abuse and its actions, emphasizing the need for concrete measures rather than empty slogans. The article also mentions other prominent cases of abuse and mishandling within the Vatican.

The Broader Context

The article highlights the ongoing struggle within the Catholic Church to address the widespread issue of sexual abuse. Pope Francis's efforts, although appreciated by some, are seen by many victims and experts as insufficient. The case of Cardinal Cipriani exemplifies the challenges the Church faces in upholding its commitment to zero tolerance against sexual abuse, particularly in light of the inconsistencies between its declared policies and actions.

Sign in to unlock more AI features Sign in with Google

O cardeal peruano Juan Luis Cipriani está de pé em frente ao caixão do papa Francisco, com um ar sério e as mãos entrelaçadas. Ele veste uma batina preta, faixa e solidéu vermelhos e cruz peitoral, as vestimentas que o próprio pontífice o proibiu de usar após as denúncias de abuso sexual.

Cipriani chegou a ser o religioso mais influente do Peru, arcebispo de Lima e primeiro purpurado da Opus Dei. Ele é colocado no lado mais conservador do clero. Foi acusado de abusar de um adolescente há quatro décadas, o que ele nega.

Em 2019, Francisco o forçou a se exilar do Peru, a não fazer declarações e a não usar os hábitos ou os símbolos cardinalícios, indicou o Vaticano em janeiro. Também o proibiu - segundo o diário El País - de participar do próximo conclave, algo que também não é possível, porque tem 81 anos.

Fiéis prestam homenagens diante de túmulo do Papa Francisco — Foto: AFP

O cardeal tem, no entanto, acesso às reuniões convocadas após a morte do primeiro pontífice latino-americano, nas quais os cardeais discutem as prioridades no futuro da Igreja e traçam o retrato do novo papa na eleição que começa em 7 de maio.

"Cipriani e os cardeais que permitam que ele faça isso revitimizam a vítima denunciante, o que é imperdoável", disse em um comunicado a Rede de Sobreviventes do Peru. "É uma mensagem preocupante que afeta a confiança nos critérios da eleição do próximo pontífice", acrescentou.

Fotos publicadas na imprensa o mostram na capela-ardente na Basílica de São Pedro e no túmulo papal em Santa Maria Maior, sempre vestido com o traje de cardeal.

— É um ato enormemente provocador. É uma afronta à autoridade do papa morto e uma demonstração de força da ala ultraconservadora da Igreja antes do próximo conclave — explicou à AFP Gareth Gore, autor de vários livros sobre a Opus Dei.

Em uma carta aberta na qual defende sua inocência, Cipriani afirma que Francisco lhe permitiu em 2020 "retomar suas tarefas pastorais". O Vaticano tem evitado as perguntas sobre esse cardeal nomeado por João Paulo II.

Chegada do caixão do Papa Francisco na Basílica de Santa Maria Maior — Foto: Piero CRUCIATTI / AFP

Francisco assumiu seu pontificado em 2013 quando a Igreja teve dificuldades para responder uma avalanche de revelações de crimes sexuais contra crianças por parte de padres, que foram encobertos por décadas pelo próprio clero. O papa argentino sancionou prelados e tornou obrigatório denunciar possíveis crimes ou tentativas de ocultação, mas diversas vítimas e especialistas concordam que essas medidas não foram suficientes.

— A tolerância zero é um slogan vazio, enquanto não estiver consagrada no direito canônico — disse ao site Crux Matthias Katsch, sobrevivente e ativista alemão da associação Eckiger Tisch.

Na reunião da segunda-feira, os cardeais colocaram o tema dos abusos entre os principais desafios do próximo papa. Não está claro se Cipriani participou, mas sua possível presença já é uma "zombaria" com a declaração, afirmou Anne Barrett Doyle, codiretora da ONG americana Bishop Accountability, que documenta a violência clerical.

— Põe em destaque a desconexão entre as palavras e as ações da Igreja em matéria de abusos —alertou.

Funeral do Papa: imagens da cerimônia na Praça São Pedro, Vaticano 1 de 18 Visão geral dos participantes da cerimônia fúnebre do Papa Francisco na Praça São Pedro, no Vaticano — Foto: Filippo MONTEFORTE / AFP 2 de 18 O presidente dos EUA, Donald Trump, e a primeira-dama Melania Trump observam a chegada do caixão durante o funeral do Papa Francisco na Praça São Pedro — Foto: Mandel NGAN / AFP Pular X de 18 Publicidade 3 de 18 O patriarca Youssef Absi abençoa com mirra o caixão do Papa Francisco, em frente ao cardeal Giovanni Battista Re, durante sua cerimônia fúnebre na Praça São Pedro, no Vaticano — Foto: Alberto PIZZOLI / AFP 4 de 18 Fiéis seguram faixa de homenagem ao Papa Francisco na Praça São Pedro, horas antes do funeral do pontífice argentino, no Vaticano — Foto: Isabella BONOTTO / AFP Pular X de 18 Publicidade 5 de 18 Multidão se reúne na Via della Conciliazione, via de acesso à Praça São Pedro, onde é realizado o funeral do Papa Francisco — Foto: HENRY NICHOLLS / AFP 6 de 18 Fiel reza durante a cerimônia fúnebre do Papa Francisco na Via della Conciliazione, que leva à Praça São Pedro — Foto: JEFF PACHOUD / AFP Pular X de 18 Publicidade 7 de 18 Fiéis seguram faixa com a mensagem "Humano demais" durante o funeral do Papa Francisco na Praça São Pedro, no Vaticano — Foto: Alberto PIZZOLI / AFP 8 de 18 Página do livro dos evangelhos, com a inscrição 'Na paixão e morte do Senhor', sobre o caixão do Papa Francisco durante sua cerimônia fúnebre na Praça São Pedro, no Vaticano — Foto: Filippo MONTEFORTE / AFP Pular X de 18 Publicidade 9 de 18 Fiéis recebem a hóstia durante o funeral do Papa Francisco na Praça São Pedro, no Vaticano — Foto: Andreas SOLARO / AFP 10 de 18 : Freiras rezam na Praça São Pedro antes do funeral do Papa Francisco — Foto: Dimitar DILKOFF / AFP Pular X de 18 Publicidade 11 de 18 Fiéis acompanham a cerimônia fúnebre do Papa Francisco na Praça São Pedro, no Vaticano — Foto: Dimitar DILKOFF / AFP 12 de 18 Uma freira se emociona durante a cerimônia fúnebre do papa Francisco, no centro de Roma — Foto: Piero CRUCIATTI / AFP Pular X de 18 Publicidade 13 de 18 Fiéis acompanham a cerimônia fúnebre do Papa Francisco na Praça São Pedro, no Vaticano — Foto: Dimitar DILKOFF / AFP 14 de 18 Pessoas se reúnem para acompanhar o cortejo fúnebre do Papa Francisco, do Vaticano até a Basílica de Santa Maria Maior, em Roma — Foto: Andrej ISAKOVIC / AFP Pular X de 18 Publicidade 15 de 18 O caixão do Papa Francisco passa por fiéis e espectadores em Roma, durante o cortejo fúnebre até a Basílica de Santa Maria Maior — Foto: Damien MEYER / AFP 16 de 18 Pessoas se reúnem ao longo do Coliseu para acompanhar o cortejo fúnebre do Papa Francisco, do Vaticano até a Basílica de Santa Maria Maior, em Roma — Foto: Stefano Rellandini / AFP Pular X de 18 Publicidade 17 de 18 Chegada do caixão do Papa Francisco na Basílica de Santa Maria Maior — Foto: Stefano Costantino / AFP 18 de 18 Chegada do caixão do Papa Francisco na Basílica de Santa Maria Maior — Foto: Piero CRUCIATTI / AFP Pular X de 18 Publicidade Líderes e fiéis prestam a última homenagem ao Papa Francisco durante sua cerimônia fúnebre na Praça São Pedro, no Vaticano

"Não cometi nenhum crime"

Cipriani foi arcebispo de Lima entre 1999 e 2019, quando o papa aceitou sua renúncia por idade, mas o puniu. O jornal El País publicou que sua suposta vítima agora tem 58 anos e escreveu ao pontífice para denunciar o purpurado em 2018. Afirmou que Cipriani o tocou, o acariciou e o beijou quando tinha entre 16 e 17 anos.

"Não cometi nenhum crime nem abusei sexualmente de ninguém nem em 1983, nem antes, nem depois", escreveu o cardeal nessa carta aberta. E denunciou que foi punido "sem ter sido escutado" e "sem que se abrisse um processo".

O Peru tem outros dois cardeais nomeados por Francisco: Pedro Barreto, de 81 anos, e Carlos Castillo, um sacerdote comum progressista de 75 anos e o único que pode votar no conclave.

O escândalo Cipriani segue ao do italiano Angelo Becciu, que desistiu de participar do conclave, apesar de sua insistência, já que Francisco retirou seus privilégios por um caso de malversação no Vaticano.

Was this article displayed correctly? Not happy with what you see?

We located an Open Access version of this article, legally shared by the author or publisher. Open It
Tabs Reminder: Tabs piling up in your browser? Set a reminder for them, close them and get notified at the right time.

Try our Chrome extension today!


Share this article with your
friends and colleagues.
Earn points from views and
referrals who sign up.
Learn more

Facebook

Save articles to reading lists
and access them on any device


Share this article with your
friends and colleagues.
Earn points from views and
referrals who sign up.
Learn more

Facebook

Save articles to reading lists
and access them on any device