This article discusses Ben Lerner's essay, "O Ódio pela Poesia" ("The Hatred of Poetry"), which challenges the common narrative of poetry's decline. Lerner argues that the apparent dislike for poetry reveals a deeper, unmet expectation of what poetry should be.
Lerner suggests that poetry's modern nature lies in its promise of the unachievable, exemplified by John Keats' impossible suspension of time. Even "bad" poetry can stimulate reflection on what constitutes good poetry.
The essay connects to Lerner's novels, exploring the limits of art, language, and subjectivity within a culture dominated by instrumental discourse. Lerner quotes Samuel Beckett's "Try again. Fail again. Fail better," emphasizing poetry's value lies in its generative failures.
In the Brazilian context, Lerner sees possibilities for creative failure and resistance. Poetry can be a means of rejecting the status quo and envisioning what doesn't yet exist.
Rather than a lament, "O Ódio pela Poesia" is a passionate defense of poetry. Lerner champions poetry's inherent impossibility, believing its power lies in its capacity to imagine other worlds.
O escritor americano Ben Lerner estava exausto do mesmo discurso recorrente nos cadernos literários dos Estados Unidos: a cada nova década, alguém anunciava com certo cinismo a morte da poesia.
Para ele, essa conversa não só era infrutífera como também perdia o aspecto mais interessante: o fato de que o suposto "ódio" à poesia revela, na verdade, um desejo frustrado —uma expectativa de que ela nos ofereça algo impossível, fora do alcance da linguagem.
Em entrevista à Folha, Lerner fala sobre as ideias que estruturam o ensaio que nasceu dessas reflexões, "O Ódio pela Poesia", lançado no Brasil pela editora Fósforo.
Longe de ser uma provocação gratuita, o título revela uma tensão produtiva. "As pessoas que dizem odiar poesia, na verdade, mantêm com ela uma relação dialética. Elas a recusam, mas ao mesmo tempo esperam dela algo a mais", diz.
Essa ambiguidade, segundo Lerner, está no coração da poesia moderna: ela promete o que não pode cumprir. John Keats, por exemplo, escreveu um poema em que o tempo é suspenso —algo literalmente impossível. E mesmo um poema considerado ruim, segundo ele, como o "O Desastre no Tay Bridge", de William McGonagall, pode servir de ponto de partida para que o leitor formule sua própria ideia do que seria um bom poema.
A poesia, portanto, serviria como campo de teste para nossas demandas mais profundas —estéticas, éticas e até políticas.
"A linguagem serve para testar o quanto da nossa experiência pode ser compartilhada", afirma Lerner. É justamente por isso que a poesia continua sendo uma forma relevante de expressão, segundo o autor, já que ela lida com aquilo que escapa à lógica do mercado, da produtividade, da clareza utilitária.
Nesse sentido, "O Ódio pela Poesia" também se conecta aos três romances do autor — "Estação Atocha" (Rádio Londres, 2018), "10:04" (Rocco, 2018) e "Topeka School" (Rocco, 2020)— que exploram os limites da arte, da linguagem e da subjetividade em uma cultura saturada de discursos instrumentais.
Se a poesia falha em dar ao leitor o que promete, talvez seja exatamente aí que resida seu valor. Lerner cita Samuel Beckett: "Tente de novo. Fracasse de novo. Fracasse melhor." Para ele, a poesia é uma forma de falhar, mas de um modo generoso e aberto à imaginação.
Questionado sobre o contexto brasileiro, o autor enxerga possibilidades próprias de fracasso criativo e resistência. Em um país marcado por tantas desigualdades, a poesia pode ser tanto um gesto de recusa ao "status quo" quanto uma forma de projetar o que ainda não existe.
No Brasil, além de "O Ódio pela Poesia" e de seus três romances traduzidos, também é possível ter contato com o trabalho de Lerner nas coletâneas poéticas "Ângulo de Guinada" (e-galáxia, 2015), "Percurso Livre Médio" (Jabuticaba, 2020) e, mais recentemente, "As Luzes" (Círculo de Poemas, 2025).
Ao contrário de um lamento sobre o fim de um gênero literário, "O Ódio pela Poesia" é, segundo o próprio autor, uma defesa apaixonada.
Lerner entende que o valor da poesia está justamente em sua impossibilidade —e, na contramão dos obituaristas da poesia, ele aposta na força de seu fracasso como condição para imaginar outros mundos.
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