Uma série de produtos em gigantes do comércio eletrônico, como a Temu e a Shein, viram os preços dispararem nos EUA, com um conjunto de toalhas de cozinha atingindo o limite máximo com um aumento de 377%.

O aplicativo de varejo de descontos Temu está repassando quase todos os novos impostos de importação de Trump para clientes dos EUA que compram produtos enviados diretamente da China. O custo de alguns produtos quase dobrou.

Na rival Shein, o preço médio dos 100 principais produtos em cada uma das duas categorias principais — brinquedos e jogos, e beleza e saúde — subiu mais de 40% em 29 de abril em relação às duas semanas anteriores. Os preços médios de itens para casa e cozinha subiram mais de 20%, enquanto as roupas femininas subiram 9%.

Embora Trump e seus assessores tenham argumentado que a dor de curto prazo é justificada para trazer a manufatura de volta aos EUA, os preços também serão mais caros quando mais produtos forem produzidos nos EUA, disse Justin Lin Yifu, ex-economista-chefe do Banco Mundial que assessorou os principais líderes da China.

“Mesmo que a capacidade de produção seja estabelecida após dois ou três anos, o preço da produção provavelmente será mais alto do que o preço das importações”, disse Lin em uma conferência em Pequim, em abril. “Durante esse período, os preços dos produtos estarão muito altos e a oferta não será suficiente.”

A Shein e a Temu, de propriedade da PDD Holdings, não responderam imediatamente aos pedidos de comentário na quarta-feira.

Trump implementou tarifas na tentativa de forçar Pequim a buscar um acordo comercial que reduzisse o déficit comercial entre os dois países, e reiterou esta semana que espera que a China “absorva” as tarifas. Embora tenha negado que haveria tempos difíceis para os consumidores americanos, a confiança do consumidor dos EUA caiu para uma mínima de cinco anos em abril.

Também há evidências crescentes de que a inflação ao consumidor se instalou e só tende a crescer.

“Começamos a ver exportadores online chineses aumentarem os preços de varejo na Amazon e no Walmart em até 30% desde o início deste mês”, disse Wang Xin, chefe da Associação de Comércio Eletrônico Transfronteiriço de Shenzhen, que representa cerca de 3.000 exportadores. “Os aumentos de preços são naturais, pois ninguém consegue suportar esse nível de tarifa com os preços antigos.”

Os principais varejistas dos EUA ainda não aumentaram os preços dos produtos nas prateleiras. No entanto, eles estão em um dilema, já que os fornecedores chineses se recusam a absorver as tarifas e a incerteza aumenta em relação a quanto tempo as taxas extras permanecerão em vigor.

Empresas como o Walmart e a Target também podem sofrer pressão política para absorver parte — se não a totalidade — dos aumentos de custos, o que poderia ajudar a amortecer o impacto direto sobre os consumidores.

O exemplo da Amazon — que na terça-feira disse que não exibiria o custo das tarifas dos EUA sobre os produtos, depois que a Casa Branca criticou a medida e Trump reclamou com Jeff Bezos — ressalta a difícil posição em que se encontram os varejistas de consumo dos EUA. Se não repassarem os aumentos de custos, as margens de lucro se estreitarão e se tornarão um fardo para o preço de suas ações.